sábado, 15 de maio de 2010

Os melhores amigos do homem.


A doce solidão fazia-me companhia enquanto olhava as flores que estavam cobrindo todo o chão da rua. Era uma bela tarde de outono, as crianças brincavam de pique-esconde dentre os carros estacionados, casais de idosos passeavam de mãos entrelaçadas parecendo relembrar o passado, a brisa do vento era suave e os passáros cantavam, não havia sol. Sentei-me para observar um pouco mais aquele lugar, simples e aparentemente feliz.
Passaram-se alguns minutos - não sei ao certo quantos minutos - e deparei-me com o horário, já estava ficando tarde, teria que ir pra casa e talvez dormir um pouco.
Mas algo chamou-me a atenção.
Ele apareceu ali, farejando- talvez fosse a bolacha de água e sal que estava em minha bolsa- tinha um olhar faminto e solitário, talvez estivesse perdido, ele era uma bolinha de pelos macios e limpos, puxados pro marrom; parecia agradável de se por as mãos. Assoviei, esperando que seu olhar encontrasse o meu, ele olhou e sentou-se ao meu lado, pareceu simpatizado, suas pequenas orelhas estavam caidas, seu rabo balançando, um sorriso -cães também sorri- apareceu em sua boca. Abri a bolsa e tirei as bolachas oferecendo-lhe; o que obviamente ele não rejeitou, lambendo o fucinho e minhas mãos - com carinho-. Então aconchegou-se ao meu lado, enquanto eu o acariciava. Seu rosto era todo franzido. Parecia satisfeito ali.
Comecei a pensar em como cães são sinceros, simples, amigos.
Existem neles um diferencial extremo comparado aos seres humanos. Um cão só ladra, só morde quando tem medo, quando se sente ameaçado- legitima defesa-. Ainda assim, existem neles um amor incondicional, estão sempre ali com seus donos, defendendo e amando; com a língua á mostra, com um sorriso e um olhar de quem quer carinho, dando a pata, rolando e deitando, lambendo.
Agora ele estava com a cabeça em meu colo, pegando no sono. Lembrei-me de Laika, que provavelmente estaria esperando no portão. Por um breve momento pensei em tomar posse dele, pensei até em um nome -Apolo- ele seria mais um companhia pras minhas tardes solitárias, deitaria na cama junto aos meu pés, pediria refeição nas suas horas famintas, daria a pata e deitaria quando eu pedisse. Seria o marido de Laika, e seriamos uma família de melhores amigos. Sorriria quando eu estivesse chegando em casa. Me amaria com seu amor incondicional, e ficaria comigo até o fim de seus dias.
Um voz atrapalhou meus pensamentos e o sono de 'Apolo'.
- Spike!
Ele correu com suas patinhas pequenas e sua lingua balançando. Encontrara sua dona, e eu o vi, meu novo e antigo amigo se afastando. Ele olhou para trás e pareceu dizer 'foi um prazer' com seu olhar canino; eu retribui com meu olhar humano.

Abri o portão, e lá estava ela, com seu olhar cansado e com saudades; veio me lamber.
A noite estava um pouco fria agora, silenciosa, só era possivel ouvir o barulho do vento que parecia cantar perto da janela do quarto. Estava escuro, e estavamos em baixo das cobertas que aqueciam ambas. Ela estava comigo. Está comigo a tanto tempo. Eu sentia sua respiração e seus pelos fazendo cócegas nos meus pés.
Eu a amo. A amo tanto. Um amor verdadeiro e confiante.


Quanto aos cães; gosto de considera-los melhores, as vezes únicos, amigos.

C.

6 comentários:

André disse...

a maneira como você escreve me deixa preso ao texto aguardando o final do conto, gostei da virada na historia também

Anônimo disse...

Há nos cães um traço humano característico: a fidelidade. Logo, junta-se o amor, que é mútuo entre ele e nós. Porém, a inocência os punge, pondo-os sobre nossa alçada. O que faremos nem sempre o que deveríamos, infelizmente. Belo texto, imprevisível para o leitor e saudável à alma.
Um beijo!

Adrinanana disse...

Mano, como eu te odeio! UAHSIUA
Adeus texto das fadas! :/


Conrado Rosin Spéria disse...

meu, tá simplesmente PERFEITO! Me lembrou da minha *-*
adorei mesmo, Rol :*

Conrado Rosin Spéria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dan Arrenius disse...

Amo meu cachorro, unico, inagualavel, sincero, e honesto! perfeito! carinhoso, amigho Mesmo! Sem eles nao somos quase nadas!